Renault 206E: a ferramenta da reconstrução de França vai comemorar 75 anos

Modelo foi projetado para ajudar na reconstrução da França após a 2.ª Guerra Mundial
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À beira de comemorar 75 anos de idade, a história da Renault 206E mistura-se com a reconstrução de França após a 2.ª Guerra Mundial.

O Governo de Paris estabeleceu na altura como prioridade para a reconstrução do país a necessidade da industria automóvel produzir veículos capazes contribuir para o transporte dos materiais necessários à reconstrução. 

À Renault foi então permitido produzir dois tipos de veículos comerciais, incluindo o Renault 206 “1.000 kg”. Um modelo novo e com uma configuração inovadora, que incluía o posicionamento do condutor precisamente em cima do eixo dianteiro. Este foi o começo de uma longa e frutuosa carreira.

Assim no final dos anos 30, a Renault já estava a desenvolver um novo comercial ligeiro, o AJD, mas apenas foi construído um exemplar como protótipo. Uma das características mais marcantes e inovadoras era a frente plana, permitida pela colocação do motor sob a cabine.

Na prática, condutor e passageiro estavam posicionados nas laterais do motor.  O mesmo princípio acabou por ser adaptado mais tarde a uma variedade de camiões e autocarros.

Com a nacionalização da fábrica Renault, o departamento de desenvolvimento passou a ter muito pouco tempo e recursos disponíveis para criar e evoluir uma nova comercial “1 tonelada” (206).

Este veículo tinha uma estrutura de travessas com chassis, mas estava dotado de uma carroçaria moderna e de desenho inovador. Esta última utilizava uma estrutura de madeira e foi, de facto, construída como uma carroçaria pré-guerra.

A estrutura de madeira era claramente visível tanto na cabine como na área de carga, revestido por chapas de metal, enquanto o tejadilho era constituído principalmente por tecido.

Os piscas eram posicionados logo atrás das portas. Nas pontas encontravam-se uns pequenos indicadores laranja. O mesmo se aplicava às luzes de travão, posicionadas no alto das portas traseiras de acesso à zona de carga.

O espaço de carga era generoso e apresentava uma capacidade total era de 7,7m3, um valor substancial mesmo face aos padrões atuais e notável dadas as dimensões exteriores.

A distância entre eixos também era relativamente curta, tendo a vantagem de proporcionar um diâmetro de viragem pequeno, uma característica especialmente útil nas manobras em ambiente urbano.

Já em matéria de motorização a Renault aproveitou o motor que tinha lançado em 1935,  um bloco de quatro cilindros a gasolina de 2,4 litros com válvulas laterais.

Este motor surgia associado a uma caixa manual de três velocidades, sendo que as duas últimas já eram sincronizadas. Como o motor era montado no chassis entre os dois bancos dianteiros, a caixa de velocidades foi deslocada bastante para trás e dessa forma era operada por uma manete extremamente comprida.

A viatura que servia para todo o tipo de serviço, alcançava uma velocidade máxima de 85 km/h e o consumo médio anunciado era de14 litros/100 km.

O interior desta Renault 206E, também conhecida pela ‘1.000 kgs’, era bastante simples e o painel de instrumentos contava com um velocímetro octogonal, que incluía dois pequenos indicadores da carga da bateria e do nível de combustível.

Um painel de instrumentos anterior à Guerra e que se manteve em uso nas variantes de 1000 kg, 1400 kg e 2500 kg, até 1965. A reduzida quantidade de comandos utilizados também era originária dos stocks da Renault de antes da II Guerra Mundial. 

No total, a Renault produziu 10 200 unidades deste modelo entre abril de 1945 e março de 1947.

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