A Renault tem uma longa história em modelos desportivos e a criatividade da marca francesa atingiu um patamar radical com o lançamento do Spider na década de 90.
O modelo que comemora 25 anos, foi apresentado no Salão de Paris, com um concept-car de nome bem mais prosaico: Renault Laguna Roadster.
Apesar da designação e da associação ao futuro familiar da Renault não o indiciar, este protótipo de um desportivo sem teto, com um para-brisas quase residual (na prática era só um defletor de vento), de linhas baixas e esguias e com portas de abertura em tesoura, antecipava um desejo da administração da Renault de ter, na gama, um automóvel que vincasse o prazer de condução e, ao mesmo, catapultasse a imagem desportiva da marca.
Assim em 1995 a marca francesa apresentou finalmente o Spider no Salão de Genebra de 1995, modelo que começou a ser produzido na fábrica da Alpine, em Dieppe.
O desportivo de imagem radical ostentava, com orgulho, o ‘carimbo’ da Renault Sport, a divisão desportiva da marca que, poucos anos antes, tinha ajudado a conquistar o primeiro título de Campeão do Mundo de Construtores na F1.
Na sua apresentação, o Spider surpreendeu por não ter para-brisa e surpresa foi ainda maior quando a marca francesa anunciou que estava pronta para produzir o novo modelo em série.
O Spider contava com um motor colocado em posição central-traseira e o leve chassis em alumínio permitia sensações de condução únicas, tanto em estrada como nas pistas, com a versão de troféu a apelar aos clientes sedentos da emoção da competição.
O baixo peso ajudava a potenciar as capacidades do motor 2.0 litros com 150 cavalos às 6000 rpm.
Com uma cilindrada de 1998cc e um binário máximo de 185 Nm às 4500 rpm, o bloco F7R com uma cabeça de 16 válvulas (partilhado com o Mégane 16V e com o famoso Clio Williams) era mais do que suficiente para garantir retomas relâmpago.
Mais importante do que a velocidade máxima (que na versão sem para-brisas chegava aos 213 km/h) eram os impressionantes 6,9 segundos nos clássicos 0 a 100 km/h.
Os bancos tipo bacquet, o arco de segurança e a ausência de sistemas como o ABS, a direção assistida ou um simples aquecimento, tornavam a utilização do Spider muito próxima da de um automóvel de competição, o que convidava os dois ocupantes a utilizar capacete nas deslocações de maior distância.
Ainda em 1995, Christian Contzen, Diretor da Renault Sport, apresentou um concept-car de um ‘Spider Trophy’, modelo destinado exclusivamente para utilização em pista, com um bloco de 2.0 litros de 16V que beneficiava de um sistema de injeção diferente, de um escape de competição e de uma nova gestão eletrónica para chegar aos 180 cavalos de potência, enquanto a transmissão recebeu uma caixa manual de seis velocidades.
Esta versão de competição, da qual só foram produzidas 90 unidades, proporcionou emocionantes corridas nos programas dos GP de Fórmula 1 na Europa, dando à Renault uma acrescida visibilidade deste modelo.
Já em 1996 a Renault aumentou a gama do Spider com uma versão com para-brisas convencional, uma solução que aumentava a proteção aerodinâmica dos ocupantes e permitia montar uma capota rudimentar para proteger o interior da chuva.
Apesar de um maior conforto, o Renault Spider manteve inalterado o seu espírito radical, com a ausência de auxiliares de condução, um interior despido, as portas de abertura em tesoura e o arco de segurança a marcarem a utilização e a fazerem a ponte para o mundo da competição automóvel.
O ligeiro aumento do peso desta versão com para-brisas, que passou para os 965 kg, face ao 930 kg da versão original, não afetou as prestações do Spider que ainda hoje deixam rendidos os seus fãs à sua imagem apelativa e comportamento mais radical.
Entre 1995 e 1999, saíram 1.726 unidades do Spider da fábrica da Alpine. Com a maioria a ser vendida no mercado interno Francês e Alemão. Já em Portugal foram vendidas 7 unidades entre 1996 e 1998.