As marcas que o MOTOGP deixou em 2020

Balanço do ano na categoria rainha do motociclismo de velocidade
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Joan Mir (Lusa)
Joan Mir (Lusa)

Com o ano a acabar é hora de fazer o balanço à última temporada de MotoGP, uma época atípica, marcada pela pandemia de covid-19.

O calendário foi revisto e das previstas 20 corridas do calendário inicial, passou-se para 14, provas todas na Europa, com destaque para o GP de Portugal, última corrida da temporada, que marcou o regresso do MotoGP a terras lusas.

Neste resumo da temporada, escolhemos alguns dos momentos que marcaram a época de 2020 da classe rainha.

- O ‘patrão’ Marc Márquez ficou de fora: O piloto espanhol da Honda, chegou ao início da temporada como o grande favorito a revalidar o cetro de campeão, depois de ter terminado em 2019, com a conquista do seu sexto de título campeão do mundo de MotoGP.

No entanto, a época de 2020 não começou bem para Marc Márquez, já que uma queda a quatro voltas do final do GP de Espanha, prova de abertura da temporada do calendário revisto, obrigou o espanhol da Honda a ser operado ao úmero do braço direito, iniciando um calvário que o obrigou a falhar toda a temporada, apesar de ter tentado um regresso na segunda prova do ano, em Jerez, e ter sido sujeito a mais duas intervenções cirúrgicas.

Com Marc Márquez fora de cena, a luta pelo campeonato ficou ao rubro, numa temporada que ficou marcada por nove pilotos diferentes a chegarem à vitória em 14 rondas, (Joan Mir, Franco Morbidelli, Alex Rins, Maverick Viñales, Fabio Quartararo, Andrea Dovizioso, Miguel Oliveira, Brad Binder e Danilo Petrucci) e 15 pilotos diferentes a subirem ao pódio ao longo de 2020.

- Falcão voou mais alto do que nunca: Miguel Oliveira, foi um dos pilotos em destaque ao longo da temporada, ao conquistar as suas duas primeiras vitórias na categoria rainha do motociclismo.

O piloto português, que cumpriu o segundo e último ano ao serviço da Tech3 KTM, em 2021 passa para a equipa oficial da KTM, mostrou toda a sua classe e foi protagonista do momento mais brilhante da temporada, ao vencer o GP a Estíria, numa ultrapassagem na última curva a Pol Espargaró (KTM) e Jack Miller (Pramac Racing).

O piloto português, acabou o campeonato em grande, ao vencer o GP de Portugal, que teve lugar no Autódromo Internacional do Algarve, de forma esmagadora, juntado à vitória na corrida a obtenção da primeira pole position da carreira do piloto de 25 anos, e a volta mais rápida em corrida.

Desta forma, Miguel Oliveira fechou com chave de ouro, uma temporada, em que terminou metade das 14 corridas realizadas, dentro do Top 6, oito corridas, e não fosse os acidentes provocados por Brad Binder e Pol Espargaró, os dois pilotos da KTM, e estamos certos de que o Falcão tinha terminado o campeonato numa posição melhor que o nono lugar com 125 pontos.

Miguel Oliveira fica ainda na história da temporada de 2020 do MotoGP, como o quinto piloto que mais voltas liderou (26 voltas), e como o terceiro piloto com mais vitórias na temporada (2), apenas batido por Franco Morbidelli e Fabio Quartararo que alcançaram três vitórias em 2020.

- Joan Mir é o campeão com o menor número de vitórias: a regularidade do espanhol da Suzuki ao longo da última temporada de MotoGP, valeu a Joan Mir, um título de campeão, que muito poucos antecipavam no início da época, sucedendo assim a Marc Márquez, que conquistou os últimos quatro títulos.

O espanhol conquistou apenas uma vitória na temporada, venceu o GP da Europa, a primeira das duas corridas no Circuito Ricardo Tormo, contudo Mir alcançou sete pódios nas 14 corridas.

Joan Mir terminou por tês vezes na segunda posição, e outras três no lugar mais baixo do pódio, sendo por isso o piloto que mais vezes terminou dentro do top-3 em 2020, encerrando assim um jejum de 20 anos da equipa de Hamamatsu, na conquista do título de pilotos.

Para além disso, Mir é o primeiro piloto da Suzuki a terminar sete ou mais vezes no pódio desde Kenny Roberts Jr em 2000, quando o norte-americano chegou por nove vezes ao pódio.

No seu segundo ano na categoria rainha do motociclismo, Joan Mir, com 23 anos, conseguiu realizar uma temporada sólida e juntou-se a Barry Sheene, Marco Luchinelli, Franco Uncini, Kevin Schwantz e Kenny Roberts Jr, na galeria de pilotos que conquistaram o campeonato do mundo com a Suzuki.

- Franco Morbidelli o melhor da Yamaha: o piloto ítalo-brasileiro foi uma das grandes surpresas da temporada, ao conseguir alcançar três vitórias nas 14 corridas realizadas, tendo estado na luta pelo título até à penúltima ronda do campeonato.

É certo que faltou alguma regularidade e uma moto mais competitiva ao piloto da SRT Yamaha, para conseguir chegar ao título, mas no final, Morbidelli terminou a temporada como o melhor dos quatro pilotos da Yamaha, como segundo classificado a 13 pontos de Mir, com três vitórias na temporada (San Marino, Teruel e Valência).

Morbidelli surpreendeu tudo e todos pela sua consistência numa época em que o seu companheiro de equipa, Fabio Quartataro, depois de duas vitórias consecutivas no arranque da temporada, ganhou o estatuto de candidato ao título, acabando por desapontar com alguns erros ao longo da época e problemas de competitividade da sua moto.

O piloto ítalo-brasileiro, foi mesmo aquele que esteve na liderança das corridas por mais voltas, ao somar um total de 97 voltas no comando.

- O pesadelo da Yamaha parte 4: a temporada de 2020 voltou a ficar marcada pela incapacidade da marca nipónica em colocar um dos seus pilotos da equipa oficial na rota do título.

Maverick Viñales e Valentino Rossi, viveram dias difíceis ao longo da época e para além disso foram obrigados a assistir às seis vitórias em 14 corridas, dos pilotos da equipa satélite, SRT Yamaha.

A irregularidade nos resultados foi o ponto negativo do campeonato para os pilotos da equipa oficial da Yamaha, com Viñales a conseguir apenas por uma vez chegar ao lugar mais alto do pódio, e terminar por duas vezes na segunda posição, terminando o campeonato na sexta posição, muito pouco para um piloto de uma das equipas mais vitoriosas do mundial de MotoGP.

Alias, Viñales precisou de sete rondas para chegar à vitória, o que aconteceu no GP da Romagna, o que aconteceu depois dos pilotos da SRT Yamaha, já terem conquistado três vitórias, o que deixa claro as dificuldades da equipa oficial da Yamaha.

Já Valentino Rossi, que vai deixar a equipa oficial da Yamaha em 2021, para dar o lugar a Fabio Quartararo, subiu apenas por uma vez ao pódio, o pior resultado de sempre, ao ocupar o terceiro lugar no GP da Andaluzia, terminando a temporada num modesto 15.º lugar.

O piloto italiano, nove vezes campeão do mundo, vai continuar no MotoGP em 2021 com a SRT Yamaha e resta saber se vai entrar na rota das vitórias ou continuar o caminho das ‘pedras’ que tem vivido com a Yamaha nos últimos anos.

- O sucesso da KTM: revelando o trabalho positivo que tem vindo a realizar em cada temporada no MotoGP, a marca austríaca terminou 2020 com seis pódios, sendo que a primeira vitória chegou pelas mãos de Brad Binder, um dos rookies do campeonato, que na sua terceira corrida no MotoGP, surpreendeu tudo e todos ao conquistar a vitória no GP da República Checa.

Já Miguel Oliveira, com a Tech3 KTM, somou duas vitórias na Estiria e em Portugal, enquanto Pol Espargaro, bem tentou subir ao lugar mais alto do pódio, mas teve de se contentar com cinco terceiros lugares, na última temporada ao serviço da equipa austríaca.

A KTM chegou ao mundial de MotoGP em 2017, e no último ano registou um salto competitivo muito interessante, a que não deve ser alheia a presença de Dani Pedroso, como piloto de testes da equipa de Mattighofen.

Após quatro temporada na classe rainha do motociclismo, a KTM terminou a temporada na quarta posição no Mundial de Construtores a quatro pontos do segundo lugar, o que diz bem da sua competitividade ao longo da época e mostrando que tem realizado um bom trabalho rumo ao sucesso que a marca está habituada noutras disciplinas.

- Despedidas: a temporada de 2020 fica marcada pelo adeus à competição de alguns dos pilotos de referência do campeonato de MotoGP.

Depois de oito temporadas na categoria rainha do motociclismo, o italiano Andrea Dovizioso, cansou-se da Ducati e das incertezas em torno da sua revalidação e bateu com a porta à equipa de Borgo Panigale.

Três vezes vice-campeão do mundo de MotoGP, Andrea Dovizioso não tem lugar no campeonato de 2021 e fica de fora na próxima temporada, sendo certo que tudo aponta para que esteja de regresso em 2022.

O piloto da Ducati desde 2013, Andrea Dovizioso realizou uma temporada de 2020 abaixo das expetativas, especialmente tendo em conta a ausência do hexacampeão Marc Márquez, conseguindo apenas uma vitória e um terceiro lugar, para terminar a época na quarta posição, 36 pontos atrás de Mir.

Cal Crutchlow é outro dos pilotos que abandonou a grelha do MotoGP em 2020. O piloto britânico vai assumir o papel de piloto de testes da Yamaha em 2021, depois de nove anos na classe rainha do MotoGP, onde ficou conhecido pela sua forma direta como abordava os assuntos mais ‘quentes’ o campeonato.

A temporada de 2020 de Crutchlow com a LCR Honda, foi um verdadeiro calvário, acabando por ficar marcada por uma lesão no pulso contraída no GP de Espanha, que obrigou o britânico a passar pela sala de operações.

Numa temporada atípica devido à pandemia de covid-19, Crutchlow falhou três corridas devido a lesão, das 14 realizadas, abandonou duas vezes e terminou uma terceira corrida fora do top-15, o que fez com que terminasse a temporada num modesto 18.º lugar, a pior classificação desde que chegou ao MotoGP em 2011.

Tito Rabat outro piloto que não continua na grelha do MotoGP em 2021. O espanhol da Avintia Ducati que chegou à classe rainha do motociclismo em 2016, viveu uma temporada de 2020 para esquecer, sem grandes feitos nem brilhantismo, terminando a época em 22.º.

Apesar de ter contrato para 2021, Rabat ficou ‘apeado’, perdendo o lugar para o italiano Luca Marini, que vai subir da Moto2 para o MotoGP na próxima temporada.

O experiente piloto espanhol vai rumar ao rumar ao mundial de superbikes, depois de duas temporadas com a Honda e três com a Ducati, no MotoGP.

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