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Citroën C4 Cactus: Me(c)morfose francesa

E o crossover fez-se...berlina
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“Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, mas sim as mais suscetíveis a mudanças”. A frase é de Charles Darwin, naturalista famoso pela Teoria da Evolução apresentada na obra de 1859, “A Origem das Espécies”.

Segundo Darwin, os organismos mais bem-adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes. Os organismos mais bem-adaptados são, portanto, selecionados para aquele ambiente.

Aplica-se a qualquer meio, na verdade. Até mesmo no automóvel. Para sobreviver numa indústria altamente competitiva é preciso procurar incessantemente responder às necessidades dos clientes. A Citröen fê-lo explicitamente no novo Citröen C4 Cactus…aliás nova. O crossover compacto é agora uma berlina. Que diria Darwin sobre esta (r)evolução de género?

Uma questão de ADN

Descobrimos a C4 Cactus na zona de Provença, em França. Paisagem magnífica com estradas sinuosas, perfeitas para testar o que tanto torna este C4 especial: a suspensão de duplos batentes hidráulicos que filtram e absorvem as irregularidades da estrada. Parece-lhe familiar? Tem razão. Trata-se de uma mutação do pioneiro sistema hidráulico da lendária DS. A receita parece funcionar, já que fora recuperado no C5 Aircross e promete abranger toda a gama, num futuro próximo.

O chamado “efeito tapete voador” ganha vida ao volante do PureTech de 110 cavalos associado à transmissão automática EAT6 de seis velocidades. Caixa automática para um passeio 100% zen.

O conforto ganha ainda mais dimensão graças aos bancos Advanced Confort com espuma de alta densidade no centro do assento e espuma de textura grossa na superfície. Uma poltrona para quem conduz, um colchão para quem vai no banco do pendura. Quem foi ao meu lado não dormiu, não por falta de confiança na minha condução (quero acreditar), mas porque o conforto convidou ao convívio.

Nem os “saltos” dados nas lombas que passaram despercebidas, fizeram mossa. Os hidráulicos funcionam, isso é certo.

Condução com maturidade

Sendo eu um pouco acelera por natureza, a minha condução conseguiu ser…controlada. Não no sentido castrador da palavra, mas ponderada. Muito graças à boa visibilidade que a C4 oferece. Além do fácil alcance da informação de velocidade no painel de instrumentos, os restantes elementos estão bem organizados e tornam a condução mais orgânica. O ecrã de infotainment touchscreen de 7,2 polegadas apresentou pouco atraso na reação. Tudo inserido num habitáculo repensado pela Citröen que se focou num “minimalista chique”. Diria até, com ares de DS.

O sistema de navegação (que nos levou para "maus caminhos" apenas por uma vez), os sensores de estacionamento traseiros e câmara de marcha atrás, assim como uma série de tecnologias de segurança, são sem dúvida mais-valias e elementos cada vez mais comuns e indispensáveis no dia-a-dia.

Não deixa de ser surpreendente, contudo, a ausência de cortina no tejadilho panorâmico na versão ensaiada. Embora o vidro seja tingido, que temperatura alcançará o carro com o sol poente num dia de verão? Ou numa versão menos bucólica… quanto tempo terei de esperar para entrar no carro depois de um dia de praia, quando o estacionar longe de um parque (pago) com sombra?

E por falar em “sufoco”, outro fator alvo de críticas no modelo antecessor parece ter passado pela revisão da Citröen: as janelas traseiras continuam a abrir em compasso. Valerá a pena insistir neste design? Talvez fique reservado para uma nova fase metamórfica. De resto, a Citröen continuou a respeitar a filosofia “Inspired by You” (inspirado por si).

Um novo ciclo

Mal-amado, o C4 Cactus de 2014 teve grandes dificuldades em agradar ao público maioritariamente conservador no que diz respeito aos “códigos” de design. Os Airbumps (protetores laterais) que decoravam a carroçaria, provocaram confusão nos “anti saliências” e a Citröen respondeu de forma radical, retirando a maioria (ficaram apenas três em cada lado). Mas, a verdade é que com as superfícies mais lisas, a C4 Cactus berlina torna-se mais agradável à vista e até mesmo mais moderna. O que só prova que, às vezes, menos é melhor.

Num primeiro olhar, as mudanças externas parecem mínimas. A verdade é que 90% da carroçaria é completamente nova. Ainda assim, a identidade “francesa” está lá. As linhas arredondadas, as grandes dimensões permanecem e não são desagradáveis.

A nova face dianteira – que adota a nova assinatura Citröen - está mais ampla e integra as novas luzes diurnas com LED em continuidade, faróis afinados e um para-choques na mesma cor da carroçaria com aberturas laterais. Uma evolução obrigatória e compreensivelmente natural.

A cartada da personalização é jogada com a conjunção de cores à escolha: nove cores de carroçaria e quarto packs de cor que conferem apontamentos contrastantes com a carroçaria. Um toque de modernização, na procura de chegar mais além que os outros no capítulo identidade.

Nem todos vão gostar desta berlina com “personalidade” calma, mas quem procura um veículo que responda a necessidades básicas sem stress, a C4 Cactus pode ser a escolha acertada. E quem não quer um casulo nos tempos que correm?

A nova C4 Cactus está disponível a partir de março com o breço base de 14.770,55 €.

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