A Renault está à espera de uma injeção de capital pelo governo francês para fazer face ao futuro e o executivo gaulês aguarda que a fabricante francesa dê garantias de que manterá o principal da sua atividade em solo Francês.
Nesta gestão de cenário de crise da marca no meio de um setor automóvel abalado pela pandemia de covid-19, o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, disse que “a Renault joga a sua sobrevivência”.
Estas palavras do ministro numa entrevista ao «Le Figaro» desta semana fizeram eco especial na comunicação social francesa desta sexta-feira, de que é exemplo esta citação no «Le Monde», e cujo impacto foi ainda aumentado pela entrevista do governante à «Europe 1» desta manhã reforçando que “a Renault pode desaparecer” e que "é preciso ser lúcido".
"Renault peut disparaître, il faut être lucide", affirme Bruno Le Maire https://t.co/0r0j2oUenP
— Europe 1 🎧🌍📻 (@Europe1) May 22, 2020
O governo francês é o maior acionista da Renault, com 15%, e concordou fazer um empréstimo de 5.000 milhões de euros. Mas, como notou o «Le Point», na entrevista ao «Le Figaro» Le Maire frisou que ainda faltava a formalização do acordo: “Esse empréstimo ainda não o assinei.”
A Renault tem prevista na próxima sexta-feira, dia 29, a apresentação de um novo plano estratégico em que estarão contemplados cortes nos custos na ordem dos 2.000 milhões de euros, segundo escreve o «Le Monde» explicitando que esse plano compreenderá o encerramento de três fábricas de dimensão média em França, bem como a reconversão do emblemático polo industrial de Flins, como tinha sido avançado pelo «Canard Enchainé».
Na entrevista à «Europe 1», Bruno le Maire também se pronunciou sobre estas alegadas intenções em concreto manifestando a sua oposição; "A fábrica Renault de Flins não deve fechar.".
Bruno Le Maire : "L'usine Renault de Flins ne doit pas fermer" https://t.co/ruM1O8fzvr
— Europe 1 🎧🌍📻 (@Europe1) May 22, 2020
“Esperamos agora as propostas globais do presidente Jean-Dominique Senard do seu plano para a aliança [Renault-Nissan] e do seu plano para a Renault”, afirmou ainda à rádio francesa o ministro da Economia gaulês, numa citação do «La Dépêche».
A posição da Renault está guardada para sexta-feira, mas, enquanto não se conhece qual o plano traçado pelo presidente do construtor, os avisos vão sendo feitos, como já tinha acontecido na quarta-feira pelo primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, dizendo que o seu governo, como escreve o «Le Monde», será “intransigente” na questão da manutenção das instalações.
Bruno Le Maire sublinhou que o governo gaulês mantém as conversações “num quadro de apoio à indústria automóvel” integrante também de um plano para todo o setor, a ser anunciado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, já na quarta-feira.
Mas o ministro da Economia francês não deixou de dar já indicações para o quadro geral da indústria automóvel local: “Nós exigimos aos nossos construtores compromissos em três direções: o veículo elétrico, o respeito dos seus fornecedores e a localização em França das suas atividades tecnologicamente mais avançadas.”