A disponibilização de carros sem condutor movidos a combustíveis fósseis pode aumentar o tráfego nas cidades europeias em até 150% e exponenciar o aquecimento global.
O alerta é da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), que segundo um estudo revelado esta terça-feira, o aumento do tráfego devido aos carros sem condutor pode oscilar entre os 50% e os 150% e estender as chamadas horas de ponta a um dia inteiro.
Além disso, segundo o estudo, um aumento não regulado de veículos autónomos, como previsto por alguns setores na indústria automóvel, poderia resultar em 40% mais emissões de dióxido de carbono (CO2) dos veículos até 2050, tornando praticamente impossíveis alcançar as metas europeias de combate às alterações climáticas.
Ainda segundo o estudo, se as cidades reduzirem gradualmente o espaço para automóveis e dinamizarem veículos partilhados, elétricos e automatizados podem reduzir a atividade automóvel em 60%, reduzindo ao mesmo tempo as emissões de gases em 32%.
“A automação, a eletrificação e a partilha são três revoluções que podem transformar a maneira como nos movemos. Mas se isso será algo bom para o ambiente ou para a habitabilidade das nossas cidades depende inteiramente das escolhas que os governos fazem”, refere o estudo, citado pela associação ambientalista portuguesa Zero, que faz parte da T&E.
A Zero considera que são necessárias, com urgência, políticas para garantir que todos os veículos de táxi e TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica) que operam nas grandes cidades tenham zero emissões até 2025, com incentivos para viagens partilhadas e uma redução gradual do estacionamento disponível para carros particulares.