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Peugeot e-208 e Opel Corsa-e: parentes próximos ou nem tanto assim?...

Dois modelos elétricos de marcas do Groupe PSA em ensaio conjunto
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Os dois carros são semelhantes na sua essência. Ou, se calhar, nem tanto assim?... Opel Corsa-e e Peugeot e-208 são duas versões exclusivamente elétricas de dois respetivos modelos de duas marcas do mesmo grupo automóvel: o Groupe PSA. Se calhar, até podem ser vistos como primos de uma mesma família...

Serão primos de alguma forma próximos, ou primos com pronunciado grau de afastamento? (Não foi definir exatamente isso aquilo a que nos propusemos, mas o parentesco entre ambos não poderia deixar de ficar incluído quando os conhecemos melhor ao mesmo tempo...)

Com os elementos do Autoportal também em conjunto experimentámos ambos os modelos e fomos ver o que cada um de nós gostou mais em cada – e que acaba, para nós, em última instância, por diferenciá-los.

Concordámos em muita coisa, mas não em tudo – o que é bom, pois os carros não são iguais; como ainda muito menos o são todas as pessoas que vão tê-los...

Partindo então da mesma base para a diferença, e-208 e Corsa-e partilham a mesma cadeia cinemática, com a potência de 100 kW (136 cv), peso idêntico, as mesmas prestações de catálogo (8.1s dos 0 aos 100 km/h), a bateria com a mesma capacidade de 50 kWh, a mesma autonomia na ordem dos 300 km, os tempos de carregamento semelhantes...

Na condução real já se sabe que as coisas são um pouco diferentes, mas também nos consumos não divergimos de um para outro. A caixa de uma relação, os programas de condução Eco, Normal e Sport, o modo de condução com as opções D e o mais poupado B não diferem e a regeneração energética neste último modo é satisfatória em ambos.

Com o Corsa-e apontámos consumos em ambiente urbano (Eco) de 9,1 kWh/100 km, em estrada (Normal) de 12, 1 kWh/100 km e em autoestrada (Sport) de 21,5 kWh/100 km. Num combinado entre os três ambientes consumimos 15,4 kWh/100 km.

Já com o e-208 gastámos 9,7 kWh/100 km na cidade (Eco), 11,9 kWh/100 km na estrada (Normal) e 19,8 kWh/100 km/h na autoestrada (Sport) fazendo um combinado de 15,5 kWh/100 km.

E, na dinâmica da condução? Aí, já se notam algumas diferenças, quer entre os dois modelos quer entre as nossas apreciações...

Com a disponibilidade imediata nas acelerações que os caracterizam como dois carros elétricos que são (ideal para ultrapassagens rápidas), o comportamento de cada um em curva é distinto e motiva várias opiniões. O Peugeot dá mais liberdade à traseira na forma segura como se agarra à estrada mesmo numa condução mais agressiva temperando a confiança com uma pitada de ‘curtição’.

A páginas tantas, – não fosse, ‘de repente’, ‘faltar qualquer coisa’ como é o barulho de um motor térmico... e o potenciar do consumo no ecrã – como que nos ‘esquecemos’ que estamos ao volante de um carro elétrico pela forma como ficamos envolvidos ao volante do Peugeot com aquela traseira que se mostra mais solta nas curvas mais apertadas.

O e-208 é um segmento B com nervo que permite uma condução mais irreverente, mas a penalizar mais os consumos. O Opel mostrou-se mais estável nesse rolamento – podendo estar a beneficiar também de rodas maiores: 205 / 45 R17 face às 195 / 55 R16 do e-208 em apreço – e mostrando uma suspensão mais confortável, quando um piso mais irregular com buracos ou lombas mais pronunciadas, não a coloque sob mais exigência.

Mas foi mesmo o comportamento em curva o que chamou mais a atenção pela diferença entre eles e que nos provocou também mais divergências. O Corsa-e responde bem nas curvas realizadas com mais pressão no acelerador com uma precisão delineada.

E, aqui, ficará ao gosto de cada um em relação à condução que gosta de fazer. Houve preferência pela assumida irreverência do Peugeot e também pela vincada estabilidade do Opel. E se um de nós ficou seduzido pelo e-208, outro ficou dividido e, apesar desse nervo sempre divertido para quem está ao volante, tendo de ficar só por um, a escolha provável seria a do Corsa-e...

Tendo de eleger também um deles quanto ao design exterior, o Peugeot recolheu unanimidade, mas, também aqui, com graus diferentes de distância em relação ao Opel, pois se o e-208 tem uma estética arrebatadora, há quem tenha também ficado muito agradado com o novo Corsa-e.

O facto de estes modelos elétricos serem iguais aos seus irmãos a combustão – como versão zero emissões de uma mesma gama – agradou pela metade, pois a outra parte não está ainda totalmente convencida dessa ‘vantagem’ nesta altura da mobilidade...

Está-se em pleno debate das questões de gosto e é para nós incontornável que o ‘look’ mais desportivo do Peugeot seduz muito mais rapidamente do que o mais compacto do Corsa-e. Mas, também aqui, a mesma opinião inicial poderá dividir-se pensando para lá da atração à primeira vista.

No interior, as diferenças destes primos ainda dão mais que falar, não apenas pela estética, mas acrescentando a funcionalidade – e, quer num quer noutro caso, ao gosto de cada qual. É opinião também unânime entre nós que o e-208 é ‘mais giro’, com acabamentos e materiais que enchem mais o olho; e que o Corsa-e é mais conservador sendo fiel à habitual sobriedade Opel.

Dessa forma mais ‘cinzenta’, o Corsa-e simplifica mais, mesmo que o e-208 esteja mais alinhado. Passando a explicar. O Opel quebra a linha do painel de instrumentos para o ecrã central. O Peugeot, no seu apelativo design interior, mais moderno e desportivo, tem tudo alinhado num tabliê assumidamente virado para o condutor.

E no elétrico francês é impossível ficar indiferente em relação ao inovador I-Cockpit com visualização 3D de ar futurista. Acreditamos que a maior preferência possa estar com as faixas etárias mais novas, com as mais velhas a preferirem o conservadorismo alemão. Mas esta diferença de gosto pode, mais uma vez, coincidir com as diferenças quanto à funcionalidade.

O mais desalinhado Opel simplifica, como já se referiu, e coloca as funções mais perto dos dedos do condutor. Os gráficos mais simplistas do Corsa-e no infoentretenimento, nomeadamente na navegação, e os comandos de climatização colocados no ecrã tátil no Peugeot mereceu reparos de um de nós

Já o cruise control do e-208 em mais uma manete na coluna da direção enquanto o do Opel está à distância de um polegar no volante mereceram de ambos preferência para o Corsa-e nesse exemplo de simplificação que é mais fácil de encontrar num primeiro olhar. E, nesse mesmo volante, o Opel recebeu também a nossa preferência na posição de condução.

Além da ‘eterna’ questão de gosto, é também uma questão de hábito fácil de adquirir. Mas, ainda novamente, tendo de decidir por um, o volante, embora mais sóbrio, do Opel, seria a primeira opção. Para agarrar o volante mais desportivo mais moderno e atraente do Peugeot sem que este colida na visão com o painel de instrumentos, um condutor de estatura média ver-se-á obrigado a baixar a coluna da direção para uma posição mais baixa do que aquela a que estará habituado.

Se na estética interior e na tecnologia, o Peugeot marca mais pontos, no conforto o Opel responde ligeiramente à frente destacando-se mais no espaço; quer nas capacidades da mala (309 litros vs. 265 litros), quer no porta-luvas, quer até mesmo na fila de trás. Barulhos interiores não há e a insonorização em ambos é boa, mas, aqui, o melhor isolamento acústico foi exibido pelo Peugeot com rodas mais pequenas.

Não revelaremos uma preferência por um destes primos tão próximos com algumas diferenças bem vincadas - os dois carros agradam muito. Mas diremos que o design do Peugeot e-208 e o seu nervo na estrada rivalizam com o mais fácil e suave Opel Corsa-e em condução urbana. E no final de contas, antes de se tornar uma decisão pelo hábito, esta poderá começar mesmo numa questão de gosto.

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