Homenagem às figuras do desporto motorizado que nos deixaram em 2020

Recorde alguns dos pilotos que partiram num ano fatídico para o desporto motorizado
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Paulo Gonçalves (Lusa)
Paulo Gonçalves (Lusa)

O ano de 2020 que está à beira do final, ficou marcado pelo desaparecimento de muitas caras conhecidas do mundo do desporto motorizado, que disseram adeus à vida num ano verdadeiramente fatídico.

Nomes marcantes como Paulo Gonçalves, Stirling Moss, ‘Nicha’ Cabral, ou Carlo Ubbiali, partiram em 2020, deixando o desporto motorizado mais pobre, num ano marcado pelas dificuldades impostas pela pandemia de covid-19

- Paulo Gonçalves: o ano de 2020 começou da pior maneira para as cores nacionais com o desaparecimento de Paulo Gonçalves, na sequência de uma queda na 7.ª etapa do rali Dakar na Arábia Saudita.

Paulo Gonçalves, que disputava o Dakar 2020, a primeira edição da prova na Arábia Saudita, sofreu uma violenta, acabando por perder a vida.

As reações ao desaparecimento do piloto de Esposende, surgiram dos quatro cantos do mundo, revelando a consternação pelo acidente que vitimou o piloto português.

Paulo Gonçalves participava no Dakar pela 13.ª vez desde 2006, ano de estreia na prova.

Foi segundo classificado em 2015, atrás do espanhol Marc Coma, o seu melhor resultado, depois de já ter sido campeão mundial de ralis cross-country em 2013.

Ao longo de uma carreira de 30 anos, Paulo Gonçalves conquistou 24 títulos nacionais em diversas disciplinas do motociclismo (motocrosse, enduro e supercrosse).

Teve duas nomeações para "Atleta Masculino do Ano" pela Confederação do Desporto de Portugal. Em 2016, o IPDJ - Instituto Português do Desporto e da Juventude atribui-lhe o Prémio de Ética no Desporto por ter parado durante uma das etapas do Dakar2016, quando liderava a corrida, para ajudar o austríaco Mathias Walkner, que tinha caído.

- Edwin Starver: o piloto holandês da KTM, foi outra das vítimas da dureza das areias do deserto da Arábia Saudita, que serviram de palco à edição de 2020 do Dakar.

Starver, sofreu um acidente na 11.ª e penúltima etapa da prova, acabando por ser transportado para uma unidade hospitalar, onde acabou por falecer, oito dias mais tarde, aumentando assim para 37 o número de vítimas mortais nas 42 edições da longa maratona de todo-o-terreno, 26 dos quais pilotos.

- Fernanda Pires da Silva: a mulher que ficou conhecida pela construção do Autódromo do Estoril, dona do grupo Grão-Pará, despareceu aos 93 anos.

Inaugurado em junho de 1972, o Autódromo do Estoril, foi entre 1984 e 1986 o palco do GP de Portugal de Fórmula 1, e a principal pista portuguesa.

- John Andretti: o piloto norte-americano primo de Michael Andretti e sobrinho de Mario Andretti, despareceu aos 56 anos, vítima de um cancro

Antigo piloto da Fórmula CART e NASCAR, John Andretti correu no karting, em monolugares de escalões mais baixos, na IMSA, rumando depois à Fórmula CART. Para além disso alinhou nas 24 Horas de Le Mans, num Porsche 962.

Em 1993 foi para a NASCAR Sprint Cup e daí para a IndyCar Series, onde correu nas 500 Milhas, mas já na fase descendente da sua carreira.

- Francisco Romãozinho: o vencedor do Rali TAP de 1969 e o primeiro piloto português a conduzir um carro oficial na equipa da Citroën, desapareceu aos 77 anos.

Foi aos comandos de um DS 21 que Francisco Romãozinho chegou ao lugar mais alto do pódio no TAP/Rali de Portugal de 69.

Francisco Romãozinho venceu ainda o Campeonato Nacional de Velocidade, num BMW, e destacou-se igualmente em provas de todo-o-terreno.

- Stirling Moss: o piloto britânico, quatro vezes vice-campeão mundial de Fórmula 1 na década de 1950, morreu aos 90 anos de idade, vítima de uma infeção pulmonar, que o afetava desde 2016.

Nascido em Londres a 17 setembro de 1929, Stirling Moss disputou 66 GPs entre 1951 e 1961, assumindo os comandos de carros como Vanwall, Maserati e Mercedes, onde formou equipa com Juan Manuel Fangio.

Ao longo de uma carreira de 10 anos na F1, Moss conquistou 16 vitórias e foi vice-campeão de F1 por quatro vezes e terceiro três vezes.

Para a história ficou a sua participação no GP de Portugal de 1958, realizado no circuito da Boavista, no Porto, quando corrigiu a decisão dos comissários em desclassificar Mike Hawthorn, o que levou dessa forma o piloto da Ferrari a terminar a corrida na segunda posição e com esse resultado, Hawthorn conquistou o título de campeão do mundo.

- Bob Lazier: foi o ‘rookie’ do ano em 1981 na Fórmula Cart, e era conhecido como o piloto com o sorriso perpétuo que parecia sempre otimista fossem quais fossem as probabilidades.

Com apenas uma participação na Indy 500 que terminou com uma desistência após 154 voltas, Lazier não deixou de ser considerado nesse ano de 1981 como o estreante do ano da Cart acabando em nono do campeonato tendo dois quartos lugares como melhores resultados.

Pai dos também pilotos Buddy Lazier e Jacques Lazier, Bob vivia Colorado, onde faleceu vítima de covid-19.

- Carlo Ubbiali: piloto de motos italiano, nove vezes campeão do mundo, era uma das grandes estrelas do motociclismo e desapareceu aos 90 anos.

Apesar de nunca ter alcançado a classe rainha da modalidade, Ubbiali notabilizou-se no motociclismo na década de 50, com as conquistas de seis títulos de 125cc, em 1951, 1955, 1956, 1958, 1959 e 1960, e três de 250cc, em 1956, 1959 e 1960.

Dos nove títulos mundiais, apenas o primeiro, em 1951, foi conquistado ao serviço da marca italiana Mondial, com os restantes oito a erguer com a equipa da MV Augusta.

- Ron Tauranac: engenheiro cofundador com Jack Brabham da equipa de Fórmula 1 Brabham, morreu aos 95 anos em sua casa na Austrália.

Tauranac nasceu a 13 de janeiro de 1925 em Inglaterra tendo emigrado com a família para a Austrália anos depois.

Em 1962 fundou a Brabham com Jack Brabham e a parceria de sucesso resultou nos títulos mundiais de 1967 (Brabham) e 1967 (Denny Hulme).

Já depois da saída de Brabham, em 1970, Tauranac continuou à frente da equipa até 1972, ano em que a vendeu a Bernie Ecclestone.

Ron Tauranac manteve-se ligado à Fórmula 1 e ao desporto automóvel até perto da década de 1990.

-´Nicha’ Cabral: Mário de Araújo ‘Nicha’ Cabral, foi o primeiro piloto português na Fórmula 1, entre 1959 e 1964.

A sua carreira nos monolugares foi breve, em parte devido ao acidente que sofreu em França numa corrida de Fórmula 2, que o afastou das pistas durante cerca de três anos.

A sua carreira continuou como piloto de carros de Sport e GT, tendo também muito sucesso em carros de turismo, sobretudo em Angola e, em 1972, também em Portugal.

Mais tarde foi chamado para dinamizar a escola de Fórmula Ford, no Estoril onde trabalhou com os pilotos Manuel Gião, Pedro Lamy e Pedro Matos Chaves.

O antigo piloto de automóveis e empresário têxtil faleceu aos 86 anos no Hospital de São José, em Lisboa, onde estava internado, vítima de doença prolongada.

- Laura Salvo: um acidente no Rali Vidreiro, na Marinha Grande, provocou a morte à jovem navegadora espanhola que competia na Peugeot Rally Cup Ibérica

A jovem navegadora espanhola com 21 anos, perdeu a vida quando seguia ao lado do piloto Miquel Socias, não resistindo aos ferimentos provocados pelo despiste da viatura em que seguia.

- Inverno Amaral: natural de Faro, começou a sua carreira no automobilismo em 1975, com a participação no então Rali das Camélias.

O ponto mais alto da sua carreira chegou em 1987, quando se tornou o primeiro algarvio a sagrar-se campeão nacional de ralis, aos comandos de um Renault 11 Turbo de “Grupo A” da equipa oficial da casa francesa, que venceu também o título de Marcas

Inverno Amaral passou, também, pelos campeonatos de Popcrosse (que venceu em 1980), velocidade e todo-o-terrreno tendo vencido, ainda, em 1983, o Troféu Citroen Visa de ralis.

Inverno Amaral faleceu aos 68 anos vítima de doença prolongada.

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