Sustentabilidade

Biocombustíveis de milho, sementes de uva e até insetos, são uma alternativa?

São cada vez mais equacionados quando se discute a problemática de encontrar soluções ambientalmente mais ecológicas como combustível, mas será mesmo assim?
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Biocombustíveis podem ser alternativa?
Biocombustíveis podem ser alternativa?

Bio, porque a origem é vegetal ou animal, e não fóssil, como é o caso do petróleo. Bio, porque as alterações climáticas obrigam a que se desenvolva rapidamente alternativas ao petróleo (aos seus derivados).

A procura por combustíveis é cada vez maior e os carros são apenas parte de um problema, onde se inclui, todos os outros meios de transporte, mas também casas e indústria.

 

Mas serão os biocombustíveis uma verdadeira solução?

À primeira vista, são mais atrativos, porque tem origem em fontes renováveis. Dois exemplos, o mais conhecido, etanol, de milho (utilizado maioritariamente nos Estados Unidos) e, um menos conhecido, mas com divulgação crescente, a partir de desperdícios dos setores vinícola.

No topo da lista de biocombustíveis mais conhecidos estão os de origem vegetal, com particular incidência no sintetizado a partir do milho, conhecido essencialmente pelo etanol, que representa, de acordo com dados da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, cerca de 40% de todo o mercado de biocombustíveis.

O combustível etanol tem ainda assim uma percentagem de 90 por cento de gasolina e 10 por cento de etanol. No brasil, recorrendo à cana de açúcar, a percentagem sobe para os 27 por cento.

Explorações agrícolas intensivas

Mas é aqui que o problema surge.

Primeiro porque para poder produzir milho ou cana de açúcar suficiente para uma indústria de combustíveis é necessário promover cultura intensiva. E aí, o problema não é apenas a cultura intensiva em si e todos os recursos que são necessários. É que se uma exploração agrícola está a produzir milho para consumo das empresas de combustíveis, isso significa que é menos uma exploração a produzir alimentos para o homem ou para os animais (e este é um problema maior em países como o Brasil, como refere um documento da UFRG - Universidade Federal do Rio Grande, Brasil).

E alternativas? No reino vegetal, surgem ainda outras opções, por exemplo, as sementes de uvas (bagaço de uva ou podas de vinhas) não usadas na indústria vinícola ou ainda de podas de oliveiras. Aliás aqui até já há projetos em Portugal (fonte: UTAD).

Problema? No caso das uvas a Infowine publicou um estudo que revelava que a utilização de hidrocarbonetos solventes, necessários ao processo de síntese, apenas conseguia retirar 7% de óleo das sementes de uva para poder converter em combustível. É uma fonte renovável? Sim, mas o processo não é completamente emissões zero.

A necessária transformação não é necessariamente "limpa"

 

Outros estudos, revelados pela National Geographic (Julho de 2019) mostram que já existem cientistas a estudar biocombustível a partir de excessos de gordura, algas, dejetos de animais e até a partir de água de esgoto filtrada…

Mas, e há mais soluções?

 

Os insetos entram na equação

Os biocombustíveis de origem vegetal podem afinal não ser assim tão sustentáveis, Posto isto, face às elevadas quantidades necessárias, qual será a solução?

A resposta surgiu em 2014 num estudo académico do Centro de Doenças Infeciosas da Universidade da Pensilvânia e foi recentemente replicado por um grupo de cientistas sul-coreanos, divulgado na Agência Noticiosa Yonhap News.

Insetos! Sim, é isso mesmo!

O estudo norte-americano (que já remonta a 2014) focava-se na utilização do combustível orgânico, sólido, ou seja, os restos dos dejetos processados pelos insetos, para queima sólida.

Cientistas estudam a aplicação das moscas

Já o estudo coreano (final de 2019) parece um pouco mais alargado. Parte do princípio de que há matéria orgânica gorda em alguns insetos que é altamente energética. Ou seja, se extraída e sintetizada poderia ser uma solução para biocombustível.

A verdade é que ainda há muito caminho a percorrer até encontrar uma solução que seja consesual.

 

( Imagens: Taylor Siebert, Akin Cakiner / Unsplash, infografia Valadzionak Volha / Freepik)

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