Esteban Ocon tornou-se o 111.º piloto a ganhar um grande prémio de Fórmula 1 com a vitória conquistada no GP da Hungria do passado fim de semana. Aos 24 anos, o piloto francês da Alpine elevou-se a um nível inédito que dá uma direção inevitavelmente ascendente a uma carreira que já passou pela perda do seu lugar no Grande Circo ou pela colisão – física, mesmo – com estrelas maiores do paddock como Max Verstappen.
O percurso de Esteban Oocon no automobilismo foi comum a tantos outros dos que conseguiram chegar ao tão sonhado e ambicionado pináculo que é a F1 – com os seus altos e baixos próprios de cada carreira e a obtenção de títulos no que de melhor conseguiu para o palmarés.
Com o percurso nos monolugares trilhado nas Fórmula Renault, a participação no GP de Macau de 2013 com a Prema desdobrou-se no ano seguinte para a Fórmula 3 Europeia tendo sido campeão aos 18 anos com autoridade sobre o segundo classificado, Tom Blomqvist, e o terceiro, Max Verstappen.
Só que, enquanto o holandês foi puxado pela Red Bull logo no ano seguinte para o mundo da F1 com a Toro Rosso, Ocon fez um caminho com mais ‘pedras’ que não o impediram de voltar a ganhar mais um título, na GP3 Series, e só em 2016 chegou à classe rainha para representar a Manor. Mas não sem dividir o ano de 2016 com o DTM como piloto do programa de desenvolvimento da Mercedes que foi durante vários anos.
O estatuto de ‘jovem lobo’ a ter em conta ganhou solidez com a entrada na Force India em 2017 e um auspicioso oitavo lugar no Mundial, que piorado na época seguinte – uma espécie de «annus horribilis» de 2018 em que o 12.º lugar nem foi o pior que lhe terá acontecido. A entrada de Lawrence Stroll na equipa que passou a chamar-se Racing Point passou a fazer pairar uma nuvem negra com o nome de Lance em cima da cabeça do francês...
Ainda antes desse final anunciado, porém, o GP do Brasil voltou a colocá-lo numa disputa muito direta com Verstappen e a colisão mais polémica passou pelo confronto físico. Um toque entre os carros dos dois pilotos durante a corrida foi o motivo. Ocon tentou ultrapassar o holandês para desdobrar-se do então líder da corrida e o inesperado acidente aconteceu.
O despiste custou a vitória a Verstappen, que foi confrontar o francês quando estava na pesagem e teve de suportar vários empurrões do holandês.
No atribuir de responsabilidades, Ocon já tinha sido penalizado com um ‘stop-and-go’ de 10 segundos na prova. Verstappen teve de cumprir posteriormente ‘serviço cívico’ para ‘apagar’ a agressividade vista por todos. Mas o que acabou mesmo por ser pior para o francês no final de 2018 foi a consumação da troca de lugares na Racing Point. Em 2019, Lance Stroll entrou para a equipa e o francês ficou sem lugar na F1.
O ano de 2019 foi passado na box da Mercedes como piloto de reserva; foi um ano sem correr, a ver a F1 a afastar-se... E o tempo deu para representar a marca no Festival de Goodwood não só com uma exibição ao volante do W08 da atual era da F1, mas também com o histórico Mercedes 300 SLR de 1954.
Em 2020, contudo, a Renault deu-lhe a oportunidade de que precisava no seu adeus ao universo Mercedes. A união entre piloto francês e equipa francesa tornava-se uma base promissora para renascimentos respetivos ambicionados.
Em 2021, com o regresso de Fernando Alonso, a Renault tornou-se Alpine na F1 e regressou também às vitórias na classe rainha. Com o bicampeão mundial espanhol a ser um ‘escudeiro’ de luxo no GP da Hungria, Esteban Ocon já conseguiu uma reencarnação na F1 depois de ter estado fora e passando agora a constar da lista de vencedores de corridas.
E este será um dia que ele lembrará “para sempre".
I don’t know what to write I’m lost for words, we just won the Hungarian @f1 Grand Prix i will forever remember this moment !!🔥
Thank you to @AlpineF1Team without them I would not have make it, and what a drive by the legend himself @alo_oficial he’s part of this too 🔥 #P1 pic.twitter.com/PpbyTOD4oL
— Esteban Ocon (@OconEsteban) August 1, 2021